— Boa noite, chefia, o que vai beber?
— O que tiver de mais fraco, a última vez que enchi a cara fiz merda.
— Tudo bem, — o barman responde rindo — estou vendo que precisa desabafar, como o bar está com poucos clientes, manda ver.
— Entrou uma garota na empresa faz alguns meses e cai de amores, ela é a pessoa mais incrível que conheci, inteligente, engraçada — suspiro — e lésbica.
— Caralho, amigo!
— No dia em que me embriaguei, fui até a casa dela disposto a fazer uma proposta absurda, no momento parecia fabulosa, ia pedir que ela se casasse comigo e que dividíssemos as garotas. Em minha cabeça isso seria temporário e que com a convivência ela iria se apaixonar por mim e nos tornaríamos um casal de verdade
— Chefe, você devia estar muito chapado. — ele volta a rir.
— Nem me fale! Quando ela me recebeu na porta, estava mais linda do que nunca, avancei sobre ela e a beijei, implorei que não me mandasse embora, em resposta disse que não teria motivos para isso e foi responsiva a noite toda. Não acreditei em minha sorte, a garota que estou apaixonado aceitar ficar comigo mesmo sendo lésbica.
Tomo um gole.
— Na manhã seguinte acordei sozinho no quarto, estava tão feliz que ignorei minha ressaca, parecia um bobo rindo à toa. Comecei a sentir um cheirinho gostoso e fui até a cozinha, ela estava de costas fazendo o café, não tive dúvidas, cheguei por trás e a abracei, dei um beijo em seu pescoço e desejei um bom dia, ela soltou um grito e me empurrou, cara, fiquei muito confuso.
“— O que pensa que está fazendo aqui? — ela gritou
— Como assim? Passamos a noite juntos. — respondi.
— Você está louco, eu passei a noite com minha namorada. — ela continuou gritando.”
— De repente, surge uma outra dela.
— Gêmea. — o barman afirma.
— Exato, minha colega de trabalho não sabia que a irmã estava em casa, conversaram por um momento e descobri que dividem o lugar, mas a irmã fica mais tempo com o namorado em um apartamento no centro da cidade.
— Resumindo, você transou com a irmã da sua paixão.
— Minha merda não parou por aí, dei uma de adolescente traído e gritei com elas dizendo que estavam me fazendo de palhaço e sai batendo as portas.
— Chefia, nem deu a chance da gata se explicar?
— Não, quando cheguei em casa não sabia se estava com mais raiva delas ou de mim. Se por um lado estava me sentindo traído, por outro sentia uma vergonha da porra pelo papel de imbecil que fiz. Só sei que a partir daquele dia parei de conversar com minha colega e sempre que ela entra em uma sala eu saio. Confesso que ficou uma relação bem ruim no trabalho.
— Devia procurar a irmã dela, cara, se o aceitou tão de boa, acredito que poderiam se aproximar e tentar uma relação.
— Já pensei nisso, mas o que diria “oi sou o idiota bêbado que entrou em sua calcinha pensando ser sua irmã”?
— Seria um bom começo. — ouço uma voz feminina atrás de mim.
Quando me viro, ela está com a mão estendida dizendo:
— Oi, sou a idiota bêbada que dormiu com o cara que me confundiu com minha irmã para me vingar do meu namorado por sua traição.