Invasão (conto by Lela Rago)


Agradeço a minha filha Natália pela história que deu origem a este conto


Estou fazendo minhas coisas na cozinha, quando começo a ouvir um ruído e me apavoro, pois sei que ela está lá fora tentando entrar, essa não era a melhor hora para estar sozinha. O que posso fazer? Sei que não adianta gritar, ninguém vai me ouvir.

Solto o ar que estou segurando e resolvo ser o ‘homem da casa’ e enfrentar meus temores para defender meu lar. Silenciosamente, vou até o armário e pego as armas para batalha, sei que posso não sair viva, mas não tenho outra opção, é minha casa, preciso defendê-la a qualquer custo.

No passado, quando era uma garotinha e sentia medo, chamava a minha 'mamain' e ela exterminava todo o mal, hoje sou uma mulher e vou mostrar a ela que somos igualmente fortes em defender o lar. Hoje posso imaginar quanto pavor minha 'mamain' passou para me proteger, pois é exatamente o que sinto. Não, nada de medo preciso enfrentar o mal.

Pé ante pé fui me aproximando do barulho, meu coração está disparado e a ponto de saltar do peito para fora, então paro ao lado da porta encosto meu corpo na parede para tentar me acalmar, não posso enfrentar o inimigo neste estado.

Ah, esse barulho está me enlouquecendo, pego o spray, não quero partir para agressão logo de cara, prefiro deixá-la desacordada, preparo para o ataque, lentamente saio pela porta e alí está, sem parar para pensar, solto todo o conteúdo do frasco sobre a facínora, que olha para mim e ri.

Confesso que com esta atitude dela fiquei realmente apavorada, só me restam duas coisas a fazer, ou correr por minha vida ou matá-la de uma vez por todas, pois sei que sou eu ou ela, só uma poderá sair viva daqui.

Tomo um fôlego e antes que ela resolva me atacar e me destroçar, pego uma arma mais potente e ‘boom’, explodo a maldita invasora, que dá um olhar de ódio em minha direção e se entrega a seu novo destino, limpo minha testa da transpiração que se acumulou ali pelo nervoso e suspiro mais calma e satisfeita comigo mesma.

Olho enojada em como ficou minha casa, há pedaços dela por todo lado inclusive no teto, mas não ligo, pois sai como vencedora em minha primeira batalha sozinha e mais uma vez o bem venceu o mal.

Puta merda, nunca vi uma barata deste tamanho, juro que era maior que meu dedo. Satisfeita comigo mesma, lavo os restos da desgraçada da minha parede, teto e chão que havia acabado de limpar e volto a fazer minhas coisas na cozinha, enquanto isso decido que vou ter que jogar fora minha vassoura, recuso-me a usá-la depois de servir de arma para assassinar aquela nefasta.

Sorrindo termino o jantar, mais tarde vou ligar para 'mamain' e contar minha aventura, ela vai se orgulhar de mim.



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