Mantra (conto by Lela Rago)



Não sei o que está acontecendo comigo, tenho estado tão estressado que todas as vezes que saio para uma transa meu amiguinho me deixa na mão.

Tenho trocado minhas companhias habituais pelas pagas, não quero correr o risco de decepcionar outra garota, já chega a primeira que foi quando descobri a merda que estou vivendo.

Hoje vou visitar um curandeiro indiano, disseram que faz verdadeiros milagres em todas as áreas, espero que resolva o meu problema também.

Saio do serviço e dirijo até o lugar que indicaram, uma chácara a poucos quilômetros do centro, entro e estaciono próximo da casa e um senhor vem me receber, indica uma sala cheia de imagens de deuses indianos e sentamos em duas poltronas dispostas frente a frente. O homem pergunta sem rodeios:

–‌‌ O que Amit pode fazer por você?

Dou uma olhada ao redor, preciso me assegurar de que estamos sozinhos e respondo:

–‌‌ Meu amiguinho –‌‌ olho para meu colo –‌‌ anda meio tímido em agradar as damas.

–‌‌ Ah, Amit entende, não está dando no couro.

–‌‌ Sim… quero dizer não é bem assim.

–‌‌ Agora Amit confuso, qual a resposta certa?

Que merda, dou um suspiro e sussurro:

–‌‌ Talvez este seja o meu problema.

–‌‌ Muito melhor, Amit precisa dar uma olhada.

–‌‌ Ei, –‌‌ levanto e dou um pulo para trás –‌‌ marmanjo nenhum vai ficar admirando as joias da família.

Ele revira os olhos e diz:

–‌‌ Não espera que Amit chame sua esposa para fazê-lo, não é?

Que caralho, ele é como um médico certo? Errado, então pergunto:

–‌‌ O senhor não tem um preparado especial, desde que não seja daquele rio horroroso de vocês, senão periga meu pau cair de vez.

–‌‌ Amit exige respeito, rio Ganges é sagrado e não, não vou dar um preparado nenhum, Amit é homem religioso e vai orar para seu problema acabar, então abaixe as calças. –‌‌ ele fala bravo.

Volto a suspirar e desço a calça e a cueca, o filho da puta erguer meu pau com aqueles abaixadores de língua que médicos usam, não os de madeira e sim aqueles infantis de plásticos com cheirinho de chiclete, quem este porra pensa que meu pau é, mesmo indignado fico quieto e espero, preciso que isso acabe o mais rápido possível.

–‌‌ Sente, Amit vai benzer seu amiguinho e tudo vai voltar ao normal.

–‌‌ Posso colocar as calças? –‌‌ pergunto aborrecido.

–‌‌ Claro que não, Amit tem que mandar energias positivas a ele.

Caralho, sento e espero, o cara pega daqueles terços indianos e começa a balbuciar palavras irreconhecíveis, no final ele entra em um ritmo de palavras constantes que acabo decorando “pyaara ling oppar jacata hai” e meu pau sobe.

–‌‌ Puta merda, deu certo. –‌‌ grito.

–‌‌ Claro que sim, Amit é muito bom com mantras, suba suas calças e sempre que ele voltar a se rebelar recite o mantra “pyaara ling oppar jacata hai”, entendeu?

–‌‌ Entendi, havia decorado enquanto rezava.

–‌‌ Perfeito, agora acerte R$ 5.000,00 com Amit.

–‌‌ O senhor está louco, tudo isso por uma porra de oração?

–‌‌ Como Amit fez subir pode reverter. –‌‌ ele responde com um sorriso cínico.

Filho da puta explorador de paus caídos.

–‌‌ Aceita cartão?

Sem resposta ele pega uma maquininha e cobra a exorbitância de R$ 5.000,00, se meu pau me fizer passar vergonha novamente volto aqui e enfio ele na goela deste indiano até que endureça e goze nesta cara de merda dele.

Vou embora e no caminho resolvo pagar pelo primeiro sexo para evitar maiores constrangimentos e sigo para um bordel.

No quarto, a garota faz sua melhor performance e nada do filho da puta erguer e invento uma fantasia sobre encantadora de serpentes e faço a moça recitar o tal mantra e o carinha levanta feliz, eu mais ainda, afinal fazia uma porrada de tempo que estava na seca.

Depois disso comecei a pedir às garotas que cantassem meu mantra sagrado, para ser honesto, tenho tido o melhor sexo da minha vida, com o tempo isso deixou de ser necessário e só cantava em minha cabeça.

Anos mais tarde, conheci uma garota com descendência indiana, linda com sua pele morena e cabelos negros, resolvi me pavonear dizendo que conhecia um mantra religioso e que gostaria de recitá-lo, ela ficou encantada.

–‌‌ Sério que conhece um mantra indiano? Adoraria ouvir.

Eu todo empolgado e doido para me aparecer recito o mantra que Amit ensinou:

–‌‌ “Pyaara ling oppar jacata hai”.

Ela olha para meu colo, em seguida para meu rosto e tenta se manter séria, começa a olhar para os lados completamente desesperada para evitar de rir, mas não consegue, ela cai em uma gargalhada contagiante e acabo rindo junto. Ao se acalmar ela pergunta:

–‌‌ Quem ensinou este mantra?

–‌‌ Um guru indiano tempos atrás. –‌‌ respondo satisfeito comigo mesmo.

–‌‌ E ele traduziu para você?

–‌‌ Não. –‌‌ começo a ficar preocupado.

Ela dá outra gargalhada e sussurra ao meu ouvido:

– “Pyaara ling oppar jacata hai” significa “pênis fofo olhe para cima”.

Arregalo meus olhos e grito:

–‌‌ Amit, filho de uma puta, vou arrancar seu ling pela garganta.



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