Oie mães e filhas, em especial a minha,
Há vinte anos atrás, nasceu o melhor presente que alguém poderia ganhar, minha filha!
Infelizmente, só pude pegá-la em meus braços dois dias depois.
Você que não nos conhece, deve estar se perguntando o motivo, ela não nasceu de minha barriga, mas sim do meu coração.
Eu e meu marido não conseguimos gerar nossos próprios filhos, então resolvemos adotar um bebê.
Não foi um processo simples, as leis no Brasil não facilitam este ato de amor, fazendo com que tantos filhos fiquem sem pais e tantos pais sem filho.
Só para você ter uma ideia, a certidão de nascimento atualizada, com nosso nome nela, saiu quando minha filha estava com dois anos. Este período foi tenso, pois temíamos a possibilidade da família biológica querê-la de volta.
Mas não vou falar sobre leis, este artigo é sobre amor.
Apesar da dificuldade e lentidão no processo vale a apena esperar, não desista se este é seu desejo.
Eu e meu marido tentamos engravidar por cinco anos, mas nada deu certo. Procuramos médicos e nossos exames eram todos perfeitos, mas nada de engravidar.
A única saída era inseminação in vitro, mas totalmente inviável financeiramente. Foi quando meu marido deu a ideia de tentarmos adotar uma criança. Acetei na hora!
Primeira coisa que fizemos foi ir ao fórum nos inscrever, mas um homem que nos atendeu foi taxativo:
"Não vou nem incluir vocês, pois tem muita gente na fila e vocês não têm chance alguma!"
Gente, sai de lá mais arrasada que tudo. Para mim foi como um tapa na cara do tipo:
"Cai na real você nunca vai ter filhos"
Pouco tempo depois, saiu em todos jornais um bebê que havia sido achado no lixo (literalmente) e foi levado a um grande hospital da minha cidade.
Lá foram os dois novamente, tentar ficar com a criança.
No hospital, uma enfermeira muito simpática nos comunicou que a criança não podia receber visitas e que ela iria para o primeiro casal da fila do fórum. A mesma fila que fomos impedidos de nos inscrever.
Um amigo da família nos falou que a adoção em outros estados era mais fácil e foi o que fizemos. (estou sabendo isso não é mais assim).
Para nossa surpresa eramos o quarto casal da lista. Foi quando minha esperança voltou a brilhar.
Em poucos mês, recebemos a informação de que uma moça estava no início da gestação e não teria como criar o bebê.
Claro que aceitamos, mesmo temerosos que no nascimento e mãe biológica mudasse de ideia, o que não ocorreu.
Quero aproveitar este canal para agradecer, a mulher que gerou minhafilha, pois me tornou uma pessoa completa.
Quem gerou um bebê e segurou ele no colo, pela primeira vez, sabe a emoção que é, mas ter a sorte de fazê-lo sem ter gerado é indescritível.
Imagino que quando uma criança está se desenvolvendo dentro da barriga ela já se liga a mãe, astralmente, mas quando isso é impedido de ocorrer o primeiro toque é a visão do paraíso.
A primeira vez que o bebê segura seu dedo com força, demostrando todo amor e confiança que deposita em você é sublime, neste momento você se reconhece, verdadeiramente, como uma mãe ou um pai.
Filha, fomos construindo nosso amor por você, mesmo estando longe. Quando tivemos o privilégio e tê-la em nossos braços foi a realização de um sonho. Acho que foi o único pedido que fiz a Deus que fui atendida.
Vinte anos se passaram e meu amor cresce cada dia mais.
Tenho muito orgulho da mulher que você se tornou.
Poucos conseguem ver quem você realmente, mas os que têm esta capacidade não querem mais sair do seu lado. Não é a primeira vez que afirmo isso e não vai ser a última.
Altos e baixos todos passam, meu amor, mas são as escolhas que mostram o caráter e a força da pessoa e... posso afirmar que mandei bem em sua criação 😜.
Brincadeiras a parte, quero que você nunca se esqueça:
"Filha te amo, sempre!"
Beijocas.
Atenção: a colagem de fotos acima representa um pouquinho da minha filha: diva, deusa, bruxa, dorminhoca, palhaça, cosplayer, gateira e, lógico, meu bebê (esta foto não podia faltar, é a pior, ou seria melhor, de todas 😂)
Obs: Não estou citando nomes nem lugares para preservar a intimidade dos envolvidos.